quarta-feira, 20 de maio de 2015

VOLTA (SONETO IV)

As cores vão surgindo na alvorada.
De volta. À minha terra estou voltando
Estou ouvindo os pássaros cantando
Para os campos se dirigem em revoada.

À casa me aproximo pela estrada,
A voz da minha mãe está chamando.
Abraço-a com ternura, e vou chorando
Dizendo que sem ela não sou nada.

Foi um beijo, um aceno, a despedida.
Eu parti para nunca mais voltar
Fui tentar construir a minha vida.

Mas voltei, e eu aqui irei ficar
No meu canto, nesta terra querida
Onde os pássaros vivem a cantar.
NOSSO AMOR...

Tão ardente como a chama,
Levou-nos a loucura.
Fizemos nossa fuga
E fugimos do desprezo,
Só porque somos amantes.

Não queríamos sofrer,
Só pensávamos no amor,
E escrevemos nossa história
Como um livro de romance
Mais belo que o de Shakespeare.

LEMBRANÇAS

Tu me amaste por algum tempo...
E neste tempo eu fui feliz;
E neste tempo eu quis sonhar,
E neste sonho eu quis viver,
E nesta vida eu quis vencer,
E da vitória não acordar...

Tu me quiseste por alguns meses...
E nestes meses eu fui feliz;
E nestes meses eu quis te amar,
E este amar eu quis eterno,
E a eternidade eu quis criar,
E a fiz pura no frio do inverno.

Desejaste-me por alguns dias...
E nestes dias eu fui feliz;
E nestes dias eu quis ser tua,
E sendo tua eu quis ser louca,
E sendo louca beijei tua boca,
E te beijando eu me entreguei.

Me dominaste por uma noite...
E nesta noite eu fui feliz;
E nesta noite me vi mulher,
Me vi tua deusa, tua rainha.
Da tua carne fui criação,
Fui tua Eva, fui Afrodite, fui teu amor...

Me abandonaste pela manhã...
Nesta manhã fui infeliz;
E nesta manhã eu quis morrer,
E desta morte não acordar,
E neste sono te esquecer,
E esquecer que eu soube amar.

Me abandonaste eternamente...
E na eternidade te esquecerei,
E no esquecimento não vou sofrer,
Não vou chorar por um qualquer,
Eu tenho forças, eu sou mulher,
A solidão... Eu vou vencer.
MORTE

Oh! morte, doce morte que me afaga
Sinto o frio, sinto o pesar de tuas mãos.
Leva este louco para a escuridão
Louco este, que ao seu corpo já se agarra.

Não tenhas pena deste coração
Pois para o mundo, sua raiva já escarra.
Leve ao sepulcro este que aqui te narra
Deixe-o na morbidez da solidão.

Oh! morte, vês aqui um pobre humano
Que viveu, sem viver a sua estrada,
Fez-se um lixo, um escroto desumano

Que hoje à vida não serve pra mais nada.
E o que faço deste tempo, neste ano
É deixar minha história sepultada.
SONETO III

Sozinho, corta o vento a madrugada.
Ouvindo-o, entre as árvores, uivando
Ao som da melodia vou cantando
Um hino de paixão à minha amada.

Na música eu agora vou falando:
Sem ela nesta vida não sou nada.
Mas ouço os passos dela na calçada
E os soluços de alguém que está chorando.

Nós fizemos do amor a maestria,
Deixamos nosso verso inacabado
Como o vento que faz a melodia.

É pena! Terminarmos neste dia,
Amantes, de um amor apaixonado,
O triste enredo desta sinfonia.
CAMINHOS

É só mais uma curva nesta estrada,
É só mais dois caminhos que se cruzam,
É pena que tudo segue em frente.

Nenhuma trilha acaba,
Nenhuma estrada pára
E o destino tem seu modo de voltar.

Eu vou partindo,
Mas quero estar em seu caminho
Fazer parte de seus sonhos
Te encontrar nos pensamentos
E voltar na sua vida.
VOLTA PRA MIM

As estrelas surgem no céu
E outra noite eu estou sem você
Vou chorar mais uma vez
Vou ficar aqui sozinho
Precisando de seus beijos, seus carinhos.

Escrevo cartas para me distrair
Invento amores que me amam também
Mas as lágrimas não cessam
Esta tristeza, esta dor
Estou chorando novamente meu amor.

Ainda sinto o seu corpo nesta casa
Ainda tem seu perfume no ar
Mas viver assim sozinho não tem graça
Vem estar aqui de novo, vem me amar.

Seu lugar está guardado nesta cama
O meu corpo implorando teu prazer
Vem dizer que me deseja, que me ama
Volta pra mim, não sei viver sem você.

EU TE AMO

Risquei paredes:
Para não lhe escrever;
Odiei:
Para não revelar meus sentimentos;
Tentei fechar os olhos:
Para não vê-la em meus pensamentos;
Fechei meus lábios:
Para a verdade não dizer.

Entretanto,
Hoje entrego minhas lágrimas sofridas...
Para esse amor que a tanto alimentei;
Para as palavras deste sonho que guardei;
Para o medo que persegue minha vida.

E hoje entrego estas palavras...
Para os muros, que não são sentimentais;
Para as linhas, que não sabem o que é amor;
Para os sonhos, que não sabem ser reais;
Para as letras, que não vêem o que é dor.

E hoje grito esta frase...
Para o mundo, que já sabe onde errei;
Para a vida, que já vê, tenho meu medo
De revelar este (tão só meu) segredo;
Apesar de o peito querer falar (mas não falei).

E as palavras,
Estas letras tão completas,
Forma a frase que, de simples, é complexa,
E que toca (e incomoda) corações.

Estas letras,
Esta frase,
As palavras...
Eu te amo!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Se...

Se for pra viver...
Que seja ao teu lado;
Se for pra sorrir...
Que seja contigo;
Se for pra chorar...
Que eu chore de alegria;
Se for pra beijar...
Que eu beije teus lábios...
Se for pra sofrer...
Que eu sofra de amor;
Se for pra sonhar...
Que eu sonhe teus sonhos;
Se for pra querer...
Que eu queira pra sempre;
Se for pra te amar...

Que eu te ame eternamente.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

UM BEIJO

Que pureza vi nos olhos
Daquela que me beijou.
Tal encanto, tão sublime,
Ao silêncio me levou.

Com sorrisos tão carentes,
A loucura me mostrou,
Como tempestade louca
Que o desejo dominou.

Num abraço aconchegante
Fez de mim tão pequenino.
Em sendo homem sou tão bruto,
Nos seus braços fui menino.

Fui da terra ao paraíso,
Mergulhei num grande encanto,
Quando os lábios se tocaram
Como rima ao lindo canto.

Quão sublime esse momento,
Comprimido num segundo,
Mas fiz dele a eternidade,
No maior beijo do mundo.
COMPREENDENDO MEU ERRO

Despertar...
Sabendo que não há mais prazer,
Não há mais sonhos
E nem mais ninguém.

Despertar...
Sofrendo porque tudo acabou,
Porque a fiz sofrer
E, acima de tudo, ensinei-a a chorar.

Despertar...
Sem viver seu caminho,
Sem estar na sua vida,
E perdendo as esperanças.

Despertar...
Aprendendo a esquecer seus desejos,
Suas palavras de alegria
E seus sonhos de amor.

Despertar...
Compreendendo que o erro foi meu,
Que deixei minha vida escapar
E que se foi aquela que me fez viver.
SOZINHA

Eu não quero amar sozinha,
Dividir comigo mesma essa paixão,
Viver nesta profunda ilusão
De que me amas sem limites.

Eu não quero andar sozinha,
Sofrer calada a solidão,
Apedrejar e machucar meu coração
Com mentiras que vem da tua boca.

Eu não quero estar sozinha
No desencadear do sofrimento,
Na ira de meus sentimentos,
Com a fúria em minhas dores.

Eu não vou viver sozinha, 
Enfrentando, assim, a madrugada.
E, escutando teus passos na escada,
Acordar e, enfim, dizer-te "boa noite".

Eu vou, sozinha,
Dar-te tudo sem nada a receber,
Andar sem rumo, sabendo que irei perder
O homem que na vida mais amei.

Eu não quero sofrer sozinha,
Não me deixes, por favor!
O BÊBADO

Cambaleante pela rua
Anda ele sem caminho.
Frio cortante, pele nua
Pela via vai sozinho.

Dá dois passos, cai ao chão,
Sente o queixo já a sangrar,
Levantou na escuridão
Volta, então, a caminhar.

Das passadas, na terceira
Cambaleia na calçada.
Não alcançando a lixeira,
De repente, não vê nada.

Outro corte, já na testa
É mais sangue, então, no asfalto.
É depois da grande festa
Que a tontura vem de assalto.

Bebedeira a noite inteira,
Já vai longe a madrugada.
Já passou a sexta-feira,
Ficou bêbado na estrada.

E como lixo ambulante
A sua morte é sem mistério.
Pela rua cambaleante,
Foi parar no necrotério.

terça-feira, 12 de maio de 2015

SONETO II

Desvia de mim este olhar, desvia,
Olhar que me domina totalmente
E aos poucos me fascina eternamente,
Carregado de encanto e simpatia.

Desvia este teu jeito, amor, desvia
Do afã de enlouquecer a minha mente,
Que aos poucos tranquiliza, calmamente,
Na paz que a solidão acaricia.

Eis que os teus olhos muito me perturbam,
O que eles dizem não posso entender,
Nem sequer o que escondem descobrir.

Ante este olhar meus sentimentos turbam,
E posso o meu ao teu olhar ceder,
Se o medo não vier a me iludir. 


UMA NOITE...

E as mãos se entrelaçaram,
E as bocas se tocaram,
E os corpos se entregaram,
E o sonho fez-se real.
E as luzes se apagaram, 
E as taças então brindaram,
Suspiros no quarto ecoaram,
Num prazer vivo e carnal.

E um caminho tão perfeito
Guardado estava no peito,
Na glória de se haver feito
Um amor tão natural.

Ma tal paixão , desse jeito,
Não traria grave efeito
Não fosse um golpe mortal:
Suas mãos largando de mim,
O dia nascendo assim,
E um sol por grande final.
SONETO I

Incerteza, aflição, a tumba fria,
O corpo, os olhos não encontram mais.
A angústia, então, percorre a fé vazia,
Sua lágrimas agora são normais.

Mas, onde está aquele Homem que outro dia
Pregava frente a muitos generais?
Um Homem que era encanto e ousadia,
Que foi, assim, levado aos tribunais.

"Onde está aquele ser sublime, meu Senhor?"
A triste Madalena reclamava,
Procurando preencher aquela dor.

Mas não viu que detrás alguém falava
Numa voz que a chamava com amor:
Era o Pai, que ante a morte triunfava.